sábado, maio 30, 2009

" O GATO DE UPPSALA"



Caros amigos e visitantes, deixo neste espaço a entrevista que fiz a Cristina Carvalho, escritora que lançou recentemente o livro “ O Gato de Uppsala “
Este novo romance de Cristina Carvalho é a narrativa de uma viagem por terras de luz, desde Kiruna até a Estocolmo. Impulsionada pelo amor e pelo desejo de descobrir mundos, esta aventura amorosa combina: a sabedoria da tradição renovada que ritualiza a paixão do jovem casal para dar perspectiva ao amor; com a força da juventude que empreende a viagem de exploração do mundo que os atrai; e ainda com a beleza (às vezes dos medos) de muitos instantes inevitáveis com que se deparam ao longo da viagem.
Um Livro para ler e oferecer…


Maria Cristina Nunes da Gama Carvalho Meira da Cunha (Lisboa, 10 de Novembro de 1949) é uma escritora portuguesa, para mais sobre a autora :
http://gatoduppsala.wordpress.com/acerca-da-autora-cristina-carvalho/
* Ilda Oliveira (I.O) e Cristina Carvalho (C.C)
ENTREVISTA
I.O – Cristina após a edição do seu 5 º livro e da dedicação à escrita ao longo destes anos. Brinda-nos com mais um “ O Gato de Uppsala “, como foi escrever esta história de amor?
C.C - Este é, de facto, o meu 5º livro. Não é que isto tenha alguma importância porque não tem mesmo, mas acho que devo esclarecer.
Esta história, que não pertence à minha linha de literatura habitual, foi uma experiência que considero feliz. Muito feliz! Senti-me muito bem ao escrever. O Gato de Uppsala, nem sequer consigo explicar porquê. Foi uma sensação diferente, transformei-me...
I.O – Em algum momento ao longo da escrita deste romance sentiu que em parte a Cristina estava presente como personagem?
C.C - Não, nunca! Não fui nem sou uma personagem desta história. Fiz nascer duas personagens muito importantes na minha vida, sem contar com o gato, claro!
I.O – Ao terminar este livro que nos questiona sobre a verdade do amor e da verdadeira natureza da Vida, como se sente a escritora?
C.C -Esta é uma questão muito difícil de responder porque cada um de nós tem a sua própria verdade. Não há verdades nem certezas sobre coisa nenhuma. Interrogo-me constantemente, realmente, sobre qual será a verdadeira natureza da vida, mas isto é uma questão, para mim, sem solução. Gostava de poder dar uma resposta mais consistente mas o assunto em si, é opaco. Qual é a verdade do amor? Qual é a verdade da vida? Inconcebível!...Não há respostas.
Se alguém, em consciência, tiver uma resposta, então sim! Será feliz.
I.O – Ser Romancista proporciona dar asas à imaginação. Crê ser verdade que certos momentos vivenciados ao longo da sua vida, podem ter completado mais ainda a Mulher e a Escritora?
C.C - Claro que sim! Quem vai vivendo mais tem mais para contar. Não quero dizer com isto que não se possa contar histórias baseadas apenas na imaginação. É evidente. Aliás, para mim, essas são as histórias mais interessantes.
I.O – Crê que a Escritora escreve num acto constante para presentear a sua própria Vida, assim como a dos leitores?
C.C - Só posso falar por mim. Eu escrevo porque preciso de escrever, como preciso de comer ou de dormir ou de passear ou de conversar ou de amar. É uma necessidade, por isso, tenho de a cumprir. Se conseguir agradar a quem lê as minhas histórias, é a suprema felicidade.
I.O – O gosto pela escrita é fascinante, o que mais a fascina nesse campo?
C.C - A escrita é uma arte como é a pintura, a música, a fotografia, a culinária, o design, a conversa. Também se aprende e leva também muito, muito tempo a aprender. Depois há o chamado talento, há a vontade de aperfeiçoar esse talento, de o cultivar, de o alimentar. Neste campo da escrita, o que mais me fascina é o poder reunir palavras dando-lhes sentido, criando situações, imaginando outras vidas.



I.O – Alguma vez teve a oportunidade de ver alguém desconhecido com um livro seu nas mãos, e qual foi a sensação?
C.C - Por acaso já vi e ouvi. Foi um homem com uma criança, na Fnac, com o Gato de Uppsala acabadinho de chegar ao escaparate, a pegar nele com uma mão e com a outra a segurar no telemóvel e a dizer assim para alguém: - olha, está aqui. Vou já levá-lo porque a tua filha ( a criança) já não me deixa sair daqui sem ele!
Foi engraçado. Eu estava ali muito perto e fiquei a pensar...
I.O – Ao longo sua caminhada leu muitos livros, qual deles a marcou mais até hoje?
C.C - Bem, li tantos. Gostei e gosto de tantos livros que nem sei! Gosto de tantos autores, que nem sei! Mas posso dizer-lhe, por exemplo, Ethan Frome de Edith Wharton, toda a obra de Karen Blixen, toda a obra de Truman Capote, Crimes Exemplares de Max Aube, Edgar Allan Poe, Gabriel Garcia Marquez, Lewis Carroll, Camilo Castelo Branco, Cesário Verde, Marguerite Yourcenar, José Luís Peixoto, Julio Cortazar, Selma Lagerloff... São tantos marcantes e que eu adoro!
I.O – Se pudesse voltar atrás na sua vida, mudaria alguma coisa ou deixaria estar tudo como está?
C.C - Mudava-se sempre alguma coisa, não é? Nunca se está satisfeito... É a nossa condição humana.
I.O – Como surgiu Cristina a sua inspiração para a escrita?
C.C - Isso não se sabe. Não há uma altura certa, com horas ou com dias ou com anos. O que eu sei é que essa sempre foi a minha vontade e a minha necessidade. Escrever, para mim, é um prazer. É uma necessidade de que eu gosto muito. Há outras necessidades que, por serem necessidades, não se gosta. Mas escrever, preciso disso diariamente e gosto sempre, sempre.
I.O – Creio que já tem outro livro a caminho. Pode-nos adiantar algo sobre ele?
C.C - Tenho um romance acabado, escrito em 2008. É uma história de fantasmas. Tenho outro a meio caminho que irá estar pronto em Setembro para ser publicado no início do ano que vem.
I.O – Uma citação ou frase que tenha marcado o seu caminho que gostasse de partilhar connosco.
C.C - O caminho faz-se caminhando. de António Machado, poeta espanhol.





www.ashistoriasdailda.no.comunidades.net/

3 comentários:

Paula Raposo disse...

'O caminho faz-se caminhando'. Não podia ter terminado melhor a entrevista! Muitos beijos.

Amaral disse...

Ilda
Interessante este post. Também gostei da citação que encerra esta entrevista.
Bjo

Anónimo disse...

Vim aqui para agradecer o teu concelho Ilda, comprei o livro e depois de o ler, já li também para a minha neta e posso dizer-te que tanto eu gostei como a minha neta.Gostei muito da entrevista.
Até breve
Isabel Torres